domingo, 27 de agosto de 2017

Teatro
Meu novo lar era muito agradável, gostei demais. Fiquei como filha e
neta das senhoras amigas da vovó. 


Agradavam-me oferecendo mimos,
distraíam-me com conversas interessantes. 


Procurei ler bastante e dei longos passeios pela Colônia. Pelo que lera quando encarnada, imaginava as Colônias, lugares maravilhosos, mas vê-las ao “vivo” é muito mais emocionante. Às vezes, extasiava-me com tanta beleza. Só não tinha ainda ido conhecer a outra parte do hospital, onde estão os doentes mais necessitados.

Comparo a Colônia São Sebastião com uma cidade de porte médio, sem os excessos de luxo ou de pobreza. As casas são do mesmo nível, diferenciando de tamanho, todas têm jardins e muitas flores. 


Tudo muito organizado, seus administradores visam somente ao bem comum.

As visitas continuaram, de parentes, pessoas que foram beneficiadas por meu pai, pelo nosso grupo Espírita. Recebi muitas orações, vinham até mim como recados, recebi orações de pessoas que nem conheci.


Retribuí cada prece a mim dirigida, orava agradecendo o carinho com que me vi cercada.


Artur, companheiro desencarnado de meu pai, vinha sempre visitar-me, é alegre, me respondeu quando o agradeci.

—Louvado seja o Pai, que nos permite fazer o Bem pelo muito que recebemos.


Artur me presenteou com uma espécie de televisão, ele instalou-a no meu quarto. Este aparelho tem outro nome científico aqui, mas como conhecemos a televisão e como é relativamente parecido com ela, chamamo-lo assim. É um aparelho mais leve e bem mais equipado. Ligou-o e sintonizou-o em minha casa. Pude ver todos meus familiares. 


Todos estavam bem, mas achei minha mãe abatida e triste. Tinha permissão de vê-los por alguns minutos por dia.

—Todos aqui podem ver seus familiares? — indaguei a Artur.


—Infelizmente não, e por vários motivos. Nem todos têm o equilíbrio para ver sua família. Nem todos merecem este presente.


Vê-los foi grato ao meu coração. Amenizava a saudade.


Em todas as residências há um aparelho como este, só que não está sintonizado nos encarnados. Na casa da vovó, está na sala. 


Transmite o noticiário da Colônia, Postos de Socorro, Umbral e de outras Colônias, do Brasil e do mundo. Notícias do Plano Espiritual e as mais importantes do Plano Físico, mas sem sensacionalismo e mentiras. Transmite orações belíssimas de convidados de esferas superiores, peças teatrais, palestras e as apresentações dos corais.

É muito agradável, na casa de vovó, todos gostam de assistir à programação que a Colônia oferece.


Vovó me apresentou Frederico. Disse que era um amigo. Veio nos visitar, presenteou-me com um lindo ramalhete de rosas coloridas.


—Oi, Patrícia — Frederico disse gentilmente — conheço-a há muito tempo. Espero que se sinta cada vez melhor entre nós.


Achei-o bonito, seu aspecto é jovem, louro de olhos azuisesverdeados.


Senti que o conhecia. Foi aquela sensação de “conheço e não sei de onde”. Senti-me à vontade ao seu lado, conversamos por horas. Convidou-me para ir ao teatro. Vendo-me indecisa, recomendou:


—Patrícia, pergunte à sua avó se pode ir.


Nem precisou. Vovó aplaudiu a idéia. Combinamos o horário, Frederico viria me buscar, ainda não sabia bem como ir a certos lugares aqui.


Quando ele saiu, vovó me disse:


—Patrícia, aqui estão os que se afinam com este lugar. Não precisa temer ninguém e nem desconfiar como por prudência fazia quando encarnada. Por isso que este lugar, as Colônias são tranqüilas e ordenadas.


—Isto é bom demais! Não precisa desconfiar, não ter medo de outro ser humano. Fiquei ansiosa, esperando o horário para ir ao teatro.


Sentia alegria em conhecer tudo. Teatro aqui é só cultura, como tudo na Colônia é feito, realizado para o bem de todos.

Frederico pagou para mim. O lado externo do prédio do teatro é muito bonito. Grande, bem planejado, com colunas grandes na frente e o telhado em V. Tem três grandes portas na frente, portas de um material parecido com a madeira trabalhada em relevo. É pintado de branco, em toda sua volta há plantas e flores muito bonitas. Entre as colunas e as portas há uma área de uns quatro metros e, para chegar a esta área, cinco degraus.


No interior, é mais bonito ainda. A sala de espetáculo é enorme, poltronas confortáveis, paredes claras com lindos quadros enfeitando. O palco é parecido com as salas de espetáculo dos encarnados. Gostei demais.


Tempos depois, ao conhecer outras Colônias, vi outros teatros, com salas bem diferentes. No plano Espiritual, as Colônias têm suas variedades.


Assistimos a uma apresentação de uma peça adaptada de um romance Espírita, Renúncia, de Emmanuel, que encarnada li, psicografado por Francisco Cândido Xavier.


—Patrícia, muitos encarnados têm permissão de em certas ocasiões vir, desligados pelo sono, ver peças teatrais que grupos desencarnados fazem no Plano Espiritual.


Artistas encarnados já fazem peças com tema Espírita. Esta peça que vimos, uma mais ou menos parecida, logo estará alegrando encarnados. E, como esta, muitas outras peças com tema Espírita surgirão para instruir divertindo os encarnados. E farão muito sucesso. (Realmente, estas peças teatrais são sucesso entre os encarnados.)

Voltei muitas vezes ao teatro, no começo amigos me levaram e ofertavam com seus bônus-horas meu ingresso. Depois, quando comecei a trabalhar, era com orgulho que adquiria o meu ingresso. Gosto muito quando grupos de jovens apresentam suas peças teatrais. As crianças também gostam desta atividade e se apresentam muitíssimo bem.


O teatro só dá livre acesso em certas ocasiões ou para algumas palestras. Do contrário, temos que ter bônus-horas para desfrutar deste prazer.
 

No teatro, há muitos concertos musicais, cantos de corais e individuais. Algumas das músicas apresentadas são conhecidas dos encarnados, as que são bonitas, que falam de assunto agradável e bom.

Outras músicas são desconhecidas dos encarnados, mas conhecidas dos moradores da Colônia.


O teatro, ou, como vovó disse que aqui o chamam, Sala de Apresentação, ou de Conferências, é usado também para algumas palestras sobre temas que interessam a pequenos grupos. Quando a palestra é de interesse de todos é realizada nas praças.


Para sabermos quais as atividades que serão apresentadas no teatro, há um quadro na frente com a programação da semana e do mês. 


Também podemos encontrar em vários pontos da Colônia listas com estas atividades.

O teatro é muito freqüentado e todos os seus freqüentadores cuidam dele como se fosse seu lar.


Gosto tanto da Colônia que fico admirada ao saber que existe quem não goste daqui. Comentei este fato com Frederico.


—Frederico, como pode haver pessoas que não gostem daqui?


—Gosto e afinidades diferem muito, tanto a encarnados como a desencarnados. Pessoas não mudam o gosto só porque desencarnaram.


Observe que encarnados, uns gostam de bar, prostíbulos, outros de templos religiosos, lugares de estudos. Outros de perigo, lugares barulhentos, outros de Paz, da natureza. Muitos encarnados ficam indiferentes a uma bela obra de arte, a uma delicada música, a um canteiro de flores enquanto outros amam o que é simples, o que faz bem ao espírito. Muitas pessoas pensam que o desencarne lhe será maravilhoso porque, na opinião delas, não fizeram o mal, mas também não fizeram o Bem. E nem se afinam ou vibram com o que tem a Colônia para oferecer. Tenho conhecimento de pessoas boas que desencarnam e vêm à Colônia, visitam tudo, acham lindo, mas não querem ficar, preferem estar encarnados. Escutei de um senhor que estava maravilhado com a Colônia, era como tivesse feito uma viagem a um lugar encantador, viu e queria voltar. Aqui não era, na opinião dele, para morar.


—E aí?


—Teve que entender que desencarnou e não podia voltar.


Aconselhado a se acostumar, entristeceu, mas acabou por se adaptar.


Outros não gostam mesmo, aqui não fumam, não bebem álcool ou comem carnes. Estão aqui para aprender a servir e muitos só querem ser servidos. Nem todos acham aqui um local divino como você e eu. 


Mesmo muitos dos seus moradores não têm o mesmo gosto. Uns se encantam com sua arquitetura, outros com os locais de estudo, outros se maravilham com as plantas, etc.

—E você, meu amigo, do que mais gosta?


—Em todas as Colônias que visito são os hospitais que me chamam atenção. Fui médico na minha última encarnação. Amo a medicina.


Estou sempre trabalhando nesta área.

—Ainda não sei do que gosto mais. Acho tudo tão lindo! Tenho vontade de trabalhar, mas ainda nem sei em quê.


—Sabe, Patrícia, enquanto não há a cosmificação (É a autorealização do indivíduo dm Deus ou no Cosmo.) do espírito, a personalidade necessita preencher o seu vazio com atividades. Os bons construindo, aliviando, crescendo e evoluindo, os avessos à unidade, destruindo, se envolvendo em prazeres e sensações negativas, esbanjando o que pertence à natureza. 


Que pena ver irmãos enganados na ilusão da matéria, cegos para as verdades espirituais e tão longe de merecer viver desencarnados num lugar maravilhoso como este!

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