domingo, 27 de agosto de 2017

Natal 
Aproximava-se o Natal, sabia que minha família sentia falta, a saudade doía. Datas são guardadas para ter saudades. Épocas de festas em que a família se reúne são marcadas por lembranças e saudades.

Recebia muitas orações, recados e incentivos fortes para que fosse feliz.


Era e sou. Pensava neste fato, quando Maurício veio me visitar.


—Maurício — indaguei —, sou feliz. Mas os meus familiares sofrem de saudades. É justo? Às vezes penso que não devo ser tão feliz.


Meu amigo riu.


—Patrícia, você é muito querida e amada. A saudade existe e existirá, mas o tempo a suavizará. 


O que eles desejam a você?

—Que seja feliz!


—Você, sendo feliz, está fazendo a vontade deles. Não é egoísmo.


Se faz o que eles pedem, eles acabarão fazendo o que você lhes deseja.


Que não sofram e que estejam bem. Muitos como você parecem sentir uma pequena culpa por estar bem e os entes queridos não. 


Entretanto, não se pode pensar assim. Deve, sim, procurar estar cada vez melhor, aprender, saber, só assim se tornará apta a distribuir alegrias. Só quem aprendeu a amar irradia Amor e Paz.

O Natal na Colônia é lindo! Jovens e crianças organizam recitais, danças, palestras, encontros para conversar e ouvir músicas. Isto é para que ocupem o tempo e não sintam a saudade dos encarnados, distraem-se suavizando suas próprias lembranças.


O grupo de jovens organizou visitas a outras Colônias e me convidou, aceitei contente. Iam apresentar uma peça de teatro e cantar.


Jovens são animados. Fazem teatro como amadores, embora, às vezes,  haja os que têm talento de artista. São peças bonitas, sadias, que sempre trazem ensinamentos profundos. Muitas das canções apresentadas são conhecidas dos encarnados, principalmente as natalinas. Outras lindíssimas são de compositores do Plano Espiritual. Crianças e jovens têm seus corais e estão sempre se apresentando em festividades da Colônia e, quando convidados, vão a outras Colônias. Fazem muito sucesso, apresentam-se muito bem. A música é uma grande terapia.


Adultos também podem fazer parte de corais, grupo de músicos, como também fazem teatros.


Fomos de aeróbus bem devagar, foi uma viagem deliciosa. A Colônia vizinha, como todas, é muito bonita. Fomos recebidos com alegria. Após a apresentação, ficamos a conversar, trocando idéias.


Gostei muito deste passeio.


Na nossa Colônia, há uma praça grande, com canteiros em formato de corações com flores azuis e brancas, flores miúdas de agradável aroma. No centro da praça há um palco redondo, onde corais costumam apresentar-se. Há muitos bancos confortáveis e alguns de balanço.


Chama-se Praça da Consolação. Indaguei Frederico o porquê do nome.


—Quando a Colônia foi planejada, esta praça foi feita para que pudessem seus habitantes reunir-se para recrear. Muitos desencarnados saudosos vinham para se consolar. Daí o nome.


Um grupo de jovens estrangeiros, da Itália, veio nos visitar.


Apresentaram-se na praça, nos presenteando com lindas canções em italiano. Foi um sucesso.


—Pensei — disse a Lenita — que iria entender tudo que cantassem.


—Entender pelo pensamento é para espíritos que sabem. Os que se afinam perfeitamente entre si conseguem transmitir pensamentos. Com a mente fazemos muito, mas necessitamos saber. O pensamento tem uma só forma. São poucos os desencarnados que sabem usar desta comunicação.


A maioria tem que conhecer o idioma. Todas as Colônias têm curso de Esperanto na tentativa de melhor comunicação entre nós.

—Quero aprender tanto o Esperanto, para transmissão de pensamento. Vou marcar na minha lista.


Rimos felizes. Minha lista já estava enorme. Tenho um caderninho em que marco tudo que quero aprender e os cursos que quero fazer.


Muitos já fiz, outros farei com a permissão do nosso Pai Maior. O Esperanto é bastante divulgado no Plano Espiritual, todas as escolas têm curso, como também há muitos livros e intercâmbio deste idioma entre as Colônias por toda a Terra.


Os organizadores da Colônia planejam longa programação nesta época do Natal. Na praça todos os dias há apresentações de peças teatrais, corais, músicos, tudo muito alegre. O Educandário fica todo enfeitado, fazem presépios, enfeitam árvores com luzes e bolas coloridas, lembrando enfeites dos encarnados. Tudo é feito para alegrar as crianças.


Trabalhadores vestem-se de palhaço, há jogos, danças e a criançada se diverte.


Não há trocas de presentes, mas votos sinceros de harmonia e paz.


Cada ano, na época de Natal, há um ensinamento como objetivo.


Neste ano foi: “A importância de Jesus ter encarnado na Terra”. Há algumas faixas com estes dizeres pela Colônia, como também dizeres saudando seus moradores e hóspedes. Por toda a Colônia há palestras sobre o tema deste Natal. É muito bonito, educativo e emocionante.


Já pensou se Jesus não tivesse encarnado entre nós?


Fui muitas vezes ao Educandário com Lenita e lá nos encontrávamos com Ana. O Educandário é grande e nesta época fica mais bonito ainda. Seus parques ficam enfeitados, procuram seus orientadores organizar muitos lazeres e distrações, quase todos ao ar livre. Conversávamos muito, reuníamo-nos em grupos, trocando idéias sobre as palestras ouvidas. Quando Lenita via algum jovem triste, isolado, ia até ele e me arrastava junto. Aproximávamo-nos alegres e nos apresentávamos. Ela tem uma conversa agradável, logo o jovem se entusiasmava e o levávamos para uma turma.


A Colônia fica nesta época muito movimentada. 


Encontrei com muitos conhecidos e a conversa rolou...

Vi meus familiares várias vezes pela televisão.


O Natal passou em festa, embora os trabalhadores se descobrissem em trabalho como em todas as épocas de festas de encarnados, nas quais há muitos abusos. A passagem do ano aqui é mais simples. A maioria faz votos de renovação. Com alegria cumprimentam-se desejando alegrias e esperança. Logo após 1o de Janeiro, tudo que recorda o Natal é retirado e tudo volta ao normal.


Meu primeiro Natal no Plano Espiritual foi de muita alegria. Como pode alguém sentir tristeza comemorando um nascimento como o de Jesus, sabendo da enorme importância que seus ensinamentos têm para nós todos?

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